segunda-feira, 10 de março de 2014

Liberte-se da ditadura do corpo ideal!!!

Não foram poucas as lutas que as mulheres protagonizaram ao longo da história para garantirem os seus direitos. E quando tratamos desse assunto o termo “libertação feminina” aparece com frequência, seja associado à queima dos sutiãs em praça pública, ao uso do anticoncepcional ou até mesmo à invenção da máquina de lavar roupas. Mas essa “liberdade” tão sonhada e tão batalhada está hoje ameaçada por uma ditadura, a ditadura do “corpo ideal”.

Podemos entender uma ditadura como uma forma de governo onde não há liberdade para se reconhecer as diferenças e o direito a elas. Só existe um único jeito, uma única maneira. E se você não a seguir rigidamente corre-se o risco de se tornar um fora da lei. Hoje, quem não tem o chamado “corpo ideal” se sente culpado e excluído. Quem não se encontra inserido nesses modelos passa a se sentir mal, como se cometesse transgressões e seu corpo fosse o símbolo de seus fracassos. O problema se agrava quando a saúde do corpo passa a não ter mais importância, só a idealização do mesmo. E uma das formas mais agressivas que as mulheres têm usado em busca do corpo perfeito são as dietas radicais.

Não sou contra as dietas! Eu mesma já fiz várias, das mais responsáveis, com acompanhamento médico, até as mais loucas e cruéis. Já fiz dieta da sopa, dos pontos, da proteína, dos shakes e a tão famosa “reeducação alimentar”, só pra citar algumas. Nunca obtive resultado satisfatório. A última dieta que fiz era associada com auriculoterapia e, pasmem, engordei 3 quilos em duas semanas. O problema era da dieta? Claro que não! Duas amigas emagreceram muito com o mesmo tratamento, mas a bonita aqui engordou. Mesmo assim ainda sou a favor das dietas. Mas vou contar uma coisa pra vocês: Dietas milagrosas não existem. Passei grande parte da minha vida em busca delas e não encontrei. E a cada tentativa eu me enchia de esperanças e me consumia em frustrações ao perceber que, mesmo depois de muito esforço, não tinha alcançado o resultado esperado. Mas quem pode ser feliz ao ficar preso nessa ditadura em que o que importa é o ideal e não o possível?

A transformação do meu modo de pensar e de encarar as dietas começou à partir da leitura de uma frase do doutor Alfredo Halpern, médico endocrinologista que participa do programa Bem Estar da TV Globo. Ele disse o seguinte: “Tá gordinha, feliz, saudável? Fica assim!”. Parece simples, mas foi a primeira vez em toda a minha vida que ouvi uma pessoa me dizer que eu não precisava mudar. E essas palavras ficaram ecoando na minha mente e no meu coração.

Cheguei à conclusão que, se há uma variedade de tipos de pessoas, há uma variedade de tipos de corpos. Há pessoas que por mais dietas que façam jamais conseguirão alcançar aquele padrão que desejam, justamente porque sua constituição física não permite. É inútil querer mudar a estrutura do corpo de forma radical. É como querer que uma bananeira dê jabuticabas em vez de bananas. Só se pode exigir do corpo o que é possível, senão vira caso de agressão contra a própria natureza. Passei a encarar a dieta como uma aliada para a conquista de uma boa saúde e não como uma ferramenta de emagrecimento. Uma dieta que só foca em calorias e não leva em conta o valor nutricional dos alimentos não é saudável e pode trazer danos a longo prazo.

Recentemente uma garota de Vitória, no Espírito Santo, perdeu 13 quilos e também o movimento das pernas. O problema foi provocado por uma desnutrição profunda. Ela estava se alimentando apenas de shake e chá, e também tomava remédio para combater gordura localizada. Nada de comida, no almoço e no jantar. O resultado foi uma desnutrição tão forte que ela quase não conseguia ficar em pé. Por pouco o seu quadro de saúde não se agravou a ponto de ser irreversível ou leva-la à morte.

As pessoas estão tendo conceitos errados sobre a comida. É preciso começar a resgatar a ideia de que comida é alimento para o corpo. É a comida que nutre nosso corpo todo. Nutre nosso cérebro, nossos ossos, nossos tecidos, nossas células. É como se fosse o combustível para uma máquina. E o que acontece quando não tem combustível? A máquina para de funcionar. E da mesma forma acontece com o nosso corpo.

Portanto, queridas mulheres guerreiras de todos os tamanhos, a nova “libertação feminina” é romper com a “ditadura da magreza a qualquer custo”. Não vamos levantar a bandeira da obesidade, mas do viver bem. Aceitar o seu corpo não significa que você não vai ligar e nem cuidar bem dele. Se você quer emagrecer, invista na consciência, no conhecimento, mas sem perder o foco na saúde. Quem quer melhorar seu corpo vá em frente, mas sempre respeitando sua natureza e não indo em busca de um corpo mítico. Quem deseja o impossível está destinado a ser infeliz, porque se engana e nega a realidade. E continuar nessa busca é como correr atrás do vento.

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